top of page

A poesia de Manoel de Barros 

 

 

Nascido em Cuiabá em 1916, o poeta Manoel de Barros estreou em 1937. Durante toda a sua trajetória, Manoel de Barros escreveu diversos livros e ainda ganhou muitos prêmios no setor da literatura, mas seu trabalho só foi valorizado em âmbito nacional na década de 80. Isso porque, o autor não frequentava os meios editoriais e literários, predominantes na região centro-sul.

 

Em sua obra poética é possível observar uma subversão da construção sintática, além do emprego constante de neologismos e sinestesias, peculiaridades encontradas também na obra de Guimarães Rosa. A linguagem utilizada pelo procurava transformar em algo gustativo, olfativo, tátil, visual e auditivo, tudo aquilo que até então era abstrato, para algo muito além da realidade inócua.

 

Em 1986, o poeta Carlos Drummond de Andrade declarou que Manoel de Barros era o maior poeta brasileiro vivo. Antonio Houaiss, um dos mais importantes filólogos e críticos brasileiros escreveu: “A poesia de Manoel de Barros é de uma enorme racionalidade. Suas visões, oníricas num primeiro instante, logo se revelam muito reais, sem fugir a um substrato ético muito profundo. Tenho por sua obra a mais alta admiração e muito amor”. 

 

Abaixo, você encontra uma seleção de poemas de Manoel de Barros. Boa leitura!

Manoel de Barros

 

FRASEADOR

 

Hoje eu completei oitenta e cinco anos. O poeta nasceu aos treze. Naquela ocasião escrevi uma carta aos meus pais, que moravam na fazenda, contando que eu já decidira o que queria ser no meu futuro. Que eu não queria ser doutor. Nem doutor de cura nem doutor de fazer casa nem doutor de medir terra. Que eu queria era ser fraseador. Meu pai ficou meio vago depois de ler a carta. Minha mãe inclinou a cabeça. Eu queria ser fraseador e não doutor . Então, o meu irmão mais velho perguntou: Mas esse tal de fraseador bota mantimento em casa? Eu não queria ser doutor, eu só queria ser fraseador. Meu irmão insistiu: Mas se farseador não bota mantimento em casa, nós temos que botar uma enxada na mão desse menino pra ele deixar de variar. A mãe baixou a cabeça um pouco mais. O pai continuou meio vago. Mas não botou enxada.

 

(do livro Memórias inventadas)

 

 

POEMA

 

A poesia está guardada nas palavras – é tudo que eu sei.
Meu fado é o de não saber quase tudo.
Sobre o nada eu tenho profundidades.
Não tenho conexões com a realidade.
Poderoso para mim não é aquele que descobre ouro.
Para mim poderoso é aquele que descobre as insignificâncias (do mundo e as nossas).
Por essa pequena sentença me elogiaram de imbecil.
Fiquei emocionado.
Sou fraco para elogios.

 

(do livro Tratado geral das grandezas do ínfimo)

 

 

1

 

Retrato do artista quando coisa: borboletas

Já trocam as árvores por mim.

Insetos me desempenham.

Já posso amar as moscas como a mim mesmo.

Os silêncios me praticam.

De tarde um dom de latas velhas se atraca

em meu olho

Mas eu tenho predomínio por lírios.

Plantas desejam a minha boca para crescer

por de cima.

Sou livre para o desfrute das aves.

Dou meiguice aos urubus.

Sapos desejam ser-me.

Quero cristianizar as águas.

Já enxergo o cheiro do sol.

 

(do livro Retrato do artista quando coisa)

 

 

CABELUDINHO

 

Quando a Vó me recebeu nas férias, ela me apresentou aos amigos: Este é meu neto. Ele foi estudar no Rio e voltou de ateu. Ela disse que eu voltei de ateu. Aquela preposição deslocada me fantasiava de ateu. Como quem dissesse no Carnaval: aquele menino está fantasiado de palhaço. Minha avó entendia de regência verbais. Ela falava de sério. Mas todo-mundo riu. Porque aquela preposição deslocada podia fazer de uma informação um chiste. E fez. E mais: eu acho que buscar a beleza nas palavras é uma solenidade de amor. E pode ser instrumento de rir. De outra feita, no meio da pelada um menino gritou: Disilimina esse, Cabeludinho. Eu não disiliminei ninguém. Mas aquele verbo novo trouxe um perfume de poesia a nossa quadra. Aprendi nessas férias a brincar de palavras mais do que trabalhar com elas. Comecei a não gostar de palavra engavetada. Aquela que não pode mudar de lugar. Aprendi a gostar mais das palavras pelo que elas entoam do que pelo que elas informam. Por depois ouvi um vaqueiro a cantar com saudade: Ai morena, não me escreve / que eu não sei a ler. Aquele a preposto ao verbo ler, ao meu ouvir, ampliava a solidão do vaqueiro. 

 

(do livro Memórias inventadas)

 

11

 

A maior riqueza do homem é a sua incompletude.
Nesse ponto sou abastado.

Palavras que me aceitam como sou - eu não

aceito.
Não aguento ser apenas um sujeito que abre
portas, que puxa válvulas, que olha o relógio, que

compra pão às 6 horas da tarde, que vai lá fora,

que aponta lápis, que vê a uva etc. etc.

Perdoai.

Mas eu preciso ser Outros.

Eu penso renovar o homem usando borboletas.

 

(do livro Retrato do artista quando coisa)

O APANHADOR DE DESPERDÍCIOS

Uso a palavra para compor meus silêncios.
Não gosto das palavras
fatigadas de informar.
Dou mais respeito
às que vivem de barriga no chão
tipo água pedra sapo.
Entendo bem o sotaque das águas
Dou respeito às coisas desimportantes
e aos seres desimportantes.
Prezo insetos mais que aviões.
Prezo a velocidade
das tartarugas mais que a dos mísseis.
Tenho em mim um atraso de nascença.
Eu fui aparelhado
para gostar de passarinhos.
Tenho abundância de ser feliz por isso.
Meu quintal é maior do que o mundo.
Sou um apanhador de desperdícios:
Amo os restos
como as boas moscas.
Queria que a minha voz tivesse um formato
de canto.
Porque eu não sou da informática:
eu sou da invencionática.
Só uso a palavra para compor meus silêncios.

(do livro Memórias inventadas)

 

EMAS

 

Elas ficam flanando no pátio da fazenda.

A gente sabe que as emas comem garrafas

abotoaduras freios pedras alicates e tais.

Nossa mãe tinha medo que uma ema

Comesse nosso cobertor de dormir e os

vidros de arnica da vó.

Eu tinha vontade de botar cabresto em uma

ema

E sair pelos campos montado na bicha a

correr.

A gente sabia que a ema quase voa no correr.

Que a ema racha o vento no correr.

Eu tinha era vontade de rachar o vento

no correr.

 

(do livro Poemas rupestres)

SOBRE IMPORTÂNCIAS

Um fotógrafo-artista me disse uma vez: veja que pingo de sol no couro de um lagarto é para nós mais importante do que o sol inteiro no corpo do mar. Falou mais: que a importância de uma coisa não se mede com fita métrica nem com balanças nem com barômetros etc. Que a importância de uma coisa há que ser medida pelo encantamento que a coisa produza em nós. Assim um passarinho nas mãos de uma criança é mais importante para ela do que a Cordilheira dos Andes. Que um osso é mais importante para o cachorro do que uma pedra de diamante. E um dente de macaco da era terciária é mais importante para os arqueólogos do que a Torre Eiffel (Veja que só um dente de macaco!). Que uma boneca de trapos que abre e fecha os olhinhos azuis nas mãos de uma criança é mais importante para ela do que o Empire State Building. Que o cu de uma formiga é mais importante para o poeta do que uma Usina Nuclear. Sem precisar medir o ânus da formiga. Que o canto das águas e das rãs nas pedras é mais importante para os músicos do que os ruídos dos motores da Fórmula! Há um desagero em mim de aceitar essas medidas. Porém não sei se isso é um defeito do olho ou da razão. Se é defeito da alma ou do corpo. Se fizerem algum exame mental em mim por tais julgamentos, vão encontrar que eu gosto mais de conversar sobre restos de comida com as moscas do que com homens doutos.

(do livro Memórias inventadas)

 

CASO DE AMOR

 

Uma estrada é deserta por dois motivos: por abandono ou por desprezo. Esta que eu ando nela agora é por abandono. Chega que os espinheiros a estão abafando as margens. Esta estrada melhora muito de eu ir sozinho nela. Eu ando por aqui desde pequeno. E sinto que ela bota sentido em mim. Eu acho que ela manja que eu fui para a escola e estou voltando agora para revê-la. Ela não tem indiferença pelo meu passado. Eu sinto mesmo que ela me reconhece agora, tantos anos depois. Eu sinto que ela melhora de eu ir sozinho sobre seu corpo. De minha parte eu achei ela bem acabadinha. Sobre suas pedras agora raramente um cavalo passeia. E quando vem um, ela o segura com carinho. Eu sinto mesmo hoje que a estrada é carente de pessoas e de bichos... Eu estou imaginando que a estrada pensa que eu também sou como ela: uma coisa bem esquecida. Pode ser. Nem cachorro passa mais por nós. Mas eu ensino para ela como se deve comportar na solidão... Numa boa: a gente vai desaparecendo igual ao Carlitos vai desaparecendo no fim de uma estrada...Deixe, deixe, meu amor.

 

(do livro Memórias inventadas)

 

UM DOUTOR

 

Um doutor veio formado de São Paulo. Almofadinha.
Suspensórios, colete, botina preta de presilhas.
E um trejeito no andar de pomba rolinha. No verbo,
diga-se de logo, usava naftalina. Por caso, era
um pernóstico no falar. Pessoas simples da cidade
lhe admiravam a pose de doutor. Eu só via o casco.
Fomos de tarde no Bar O Ponto. Ele, meu pai e este que vos fala.

Este que vos fala era um rebelde
adolescente. De pronto o Doutor falou pra meu
pai: Meus parabéns Seo João, parece que seu filho
agora endireitou! E meu pai: Ele nunca foi torto.
Pintou um clima de urubu com mandioca entre nós.
O doutor pisou no rabo, eu pensei. Ele ainda
perguntou: E o comunismo dele? Está quarando
na beira do rio entre as capivaras, o pai respondeu.
O doutor se levantou da mesa e saiu com seu
andar de vespa magoada.

 

(do livro Memórias inventadas)

 

 

6

 

Aprendo com abelhas do que com aeroplanos.

É um olhar para baixo que eu nasci tendo.

É um olhar para o ser menor, para o

insignificante que eu me criei tendo.

O ser que na sociedade é chutado como uma

barata — cresce de importância para o meu

olho.

Ainda não entendi por que herdei esse olhar

para baixo.

Sempre imagino que venha de ancestralidades

machucadas.

Fui criado no mato e aprendi a gostar das

coisinhas do chão —

Antes que das coisas celestiais.

Pessoas pertencidas de abandono me comovem:

tanto quanto as soberbas coisas ínfimas.

 

(do livro Retrato do artista quando coisa)

 

ESCOVA

 

Eu tinha vontade de fazer como os dois homens que vi sentados na terra escovando osso. No começo achei que aqueles homens não batiam bem. Porque ficavam ali sentados na terra o dia inteiro escovando osso. Depois aprendi que aqueles homens eram arqueólogos. E que eles faziam o serviço de escovar osso por amor. E que eles queriam encontrar nos ossos vestígios de antigas civilizações que estariam enterrados por séculos naquele chão. Logo pensei de escovar palavras. Porque eu havia lido em algum lugar que as palavras eram conchas de clamores antigos. Eu queria ir atrás dos clamores antigos que estariam guardados dentro das palavras. Eu já sabia também que as palavras possuem no corpo muitas oralidades remontadas e muitas significâncias remontadas. Eu queria então escovar as palavras para escutar o primeiro esgar de cada uma. Para escutar os primeiros sons, mesmo que ainda bígrafos. Comecei a fazer isso sentado em minha escrivaninha. Passava horas inteiras, dias inteiros fechado no quarto, trancado, a escovar palavras. Logo a turma perguntou: o que eu fazia o dia inteiro trancado naquele quarto? Eu respondi a eles, meio entressonhado, que eu estava escovando palavras. Eles acharam que eu não batia bem. Então eu joguei a escova fora.

 

(do livro Memórias inventadas)

 

VII

 

Descobri aos 13 anos que o que me dava prazer nas

leituras não era a beleza das frases, mas a doença

delas.

Comuniquei ao Padre Ezequiel, um meu Preceptor,

esse gosto esquisito.

Eu pensava que fosse um sujeito escaleno.

— Gostar de fazer defeitos na frase é muito saudável,

o Padre me disse.

Ele fez um limpamento em meus receios.

O Padre falou ainda: Manoel, isso não é doença,

pode muito que você carregue para o resto da

vida um certo gosto por nadas…

E se riu.

Você não é de bugre? — ele continuou.

Que sim, eu respondi.

Veja que bugre só pega por desvios, não anda em

estradas —

Pois é nos desvios que encontra as melhores

surpresas e os ariticuns maduros.

Há que apenas saber errar bem o seu idioma.

 

(do livro O livro das ignorãças)

 

O URUBUZEIRO 

Meu amigo Sabastião estourou a infância dele e mais

duas pernas

No mergulho contra uma pedra na Cacimba da Saúde.

Quarenta anos mais tarde Sabastião remava uma canoa

no rio Paraguaio

E deu o barranco de uma charqueada.

Sabastião subiu o barranco se arrastando como um

caranguejo trôpego

Até a casa do patrão e pediu um trabalho.

O patrão olhou para aquele pedaço de pessoa e disse:

Você me serve para urubuzeiro.

(Urubuzeiro era tarefa de espantar os urubus que

atentavam nos tendais de carne.)

Trabalho de Sabastião era espantar os urubus.

Sabastião espantava espantava espantava.

Os urubus voltavam de bandos.

Sabastião espantava espantava.

Um dia pegaram Sabastião a prosear em estrangeiro

com os urubus.

Chegou que Sabastião permitiu que os urubus

fizessem farra nas carnes.

Os urubus faziam farra e conversavam em estrangeiro

com Sabastião.

Veio o patrão e mandou Sabastião para o manicômio.

No manicômio ninguém compreendia a língua de

Sabastião

De forma que Sabastião despencou do seu normal

E foi encontrado na rua falando sozinho em

estrangeiro.

 

(do livro Tratado geral das grandezas do ínfimo)

 

3

 

Não é por me gavar

mas eu não tenho esplendor.

Sou referente pra ferrugem

mais do que referente pra fulgor.

Trabalho arduamente para fazer o que é desnecessário.

O que presta não tem confirmação,

o que não presta, tem.

Não serei mais um pobre-diabo que sofre de nobrezas.

Só as coisas rasteiras me celestam.

Eu tenho cacoete pra vadio.

As violetas me imensam.

 

(do livro Livro sobre o nada)

 

TEOLOGIA DO TRASTE

As coisas jogadas fora por motivo de traste

são alvo da minha estima.

Prediletamente latas.

Latas são pessoas léxicas pobres porém concretas.

Se você jogar na terra uma lata por motivo de

traste: mendigos, cozinheiras ou poetas podem pegar.

Por isso eu acho as latas mais suficientes, por

exemplo, do que as ideias.

Porque as ideias, sendo objetos concebidos pelo

espírito, elas são abstratas.

E, se você jogar um objeto abstrato na terra por

motivo de traste, ninguém quer pegar.

Por isso eu acho as latas mais suficientes.

A gente pega uma lata, enche de areia e sai

puxando pelas ruas moda um caminhão de areia.

E as ideias, por ser um objeto abstrato concebido

pelo espírito, não dá para encher de areia.

Por isso eu acho a lata mais suficiente.

Ideias são a luz do espírito — a gente sabe.

Há ideias luminosas — a gente sabe.

Mas elas inventaram a bomba atômica, a bomba

atômica, a bomba atôm……………………….

……………………………………… Agora

eu queria que os vermes iluminassem.

Que os trastes iluminassem.

 

(do livro Poemas rupestres)

 

9.

A ciência pode classificar e nomear os órgãos de um

sabiá

mas não pode medir seus encantos.

A ciência não pode calcular quantos cavalos de força

existem

nos encantos de um sabiá.

Quem acumula muita informação perde o condão de

adivinhar: divinare.

Os sabiás divinam.

 

(do livro Livro sobre o nada)

 

 SOBERANIA

 

Naquele dia, no meio do jantar, eu contei que 
tentara pegar na bunda do vento — mas o rabo
do vento escorregava muito e eu não consegui 
pegar. Eu teria sete anos. A mãe fez um sorriso 
carinhoso para mim e não disse nada. Meus irmãos 
deram gaitadas me gozando. O pai ficou preocupado 
e disse que eu tivera um vareio da imaginação. 
Mas que esses vareios acabariam com os estudos. 
E me mandou estudar em livros. Eu vim. E logo li 
alguns tomos havidos na biblioteca do Colégio. 
E dei de estudar pra frente. Aprendi a teoria
das idéias e da razão pura. Especulei filósofos
e até cheguei aos eruditos. Aos homens de grande 
saber. Achei que os eruditos nas suas altas 
abstrações se esqueciam das coisas simples da 
terra. Foi aí que encontrei Einstein (ele mesmo
— o Alberto Einstein). Que me ensinou esta frase: 
A imaginação é mais importante do que o saber. 
Fiquei alcandorado! E fiz uma brincadeira. Botei 
um pouco de inocência na erudição. Deu certo. Meu 
olho começou a ver de novo as pobres coisas do 
chão mijadas de orvalho. E vi as borboletas. E
meditei sobre as borboletas. Vi que elas dominam 
o mais leve sem precisar de ter motor nenhum no 
corpo. (Essa engenharia de Deus!) E vi que elas 
podem pousar nas flores e nas pedras sem magoar as
próprias asas. E vi que o homem não tem soberania 
nem pra ser um bentevi.

(do livro Memórias inventadas)

OBRAS DE MANOEL DE BARROS

 

1937 — Poemas concebidos sem pecado

1942 — Face imóvel

1956 — Poesias

1960 — Compêndio para uso dos pássaros

1966 — Gramática expositiva do chão

1974 — Matéria de poesia

1982 — Arranjos para assobio

1985 — Livro de pré-coisas (Ilustração da capa: Martha Barros)

1989 — O guardador  das águas

1990 — Poesia quase toda

1991 — Concerto a céu aberto para solos de aves

1993 — O livro das ignorãças

1996 — Livro sobre nada (Ilustrações de Wega Nery)

1998 — Retrato do artista quando coisa (Ilustrações de Millôr Fernandes)

1999 — Exercícios de ser criança

2000 — Ensaios fotográficos

2001 — O fazedor de amanhecer (infantil)

2001 — Poeminhas pescados numa fala de João

2001 — Tratado geral das grandezas do ínfimo (Ilustrações de Martha Barros)

2003 — Memórias inventadas  (A infância) (Ilustrações de Martha Barros)

2003 — Cantigas para um passarinho à toa

2004 — Poemas rupestres (Ilustrações de Martha Barros)

2005 — Memórias inventadas II (A segunda infância) (Ilustrações de Martha Barros)

2007 — Memórias inventadas III (A terceira infância) (Ilustrações de Martha Barros)

bottom of page